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Uma noite para fazer acontecer

No Visões Periféricas, uma homenagem e lembranças das comunidades

Postado 20/10/2011 às 19h10 Atualizado em 13/08/2015 às 10h08

“Fiquei muito feliz com tudo isso! Agora, é fazer com que as coisas que acontecem na favela circulem fora dela”, alegrou-se Regina Casé ao ser lembrada nesta quarta (19) pela produção do festival de cinema Visões Periféricas, que abriu sua edição 2011 homenageando sua apresentadora com um vídeo lembrando toda a sua trajetória e lembrando sua produção ligada ao desvelamento das periferias. Ela recebeu também um troféu feito especialmente para ela.

“Quando estávamos produzindo o evento, a primeira pessoa que veio à mente para fazermos, pela primeira vez, uma homenagem no evento, foi a Regina”, afirma a coordenadora de projetos do evento Karine Muller, que localiza semelhanças entre a trajetória dela e a do evento, que já faz cinco anos e cada vez mais se aproxima das comunidades que tematiza. “Fizemos um esquenta especial no Cantagalo, na Babilônia, no Tabajaras. Quando chegamos nas comunidades, percebemos que faz total sentido a existência do evento, já que descobrimos sempre coisas novas, as pessoas sempre passam coisas boas para nós”.

Para Regina, o principal é que sua produção – assim como a do Visões – não traz, em momento algum, um discurso no sentido de ver as periferias como pobres coitadas. “O grupo de pessoas com quem trabalho e eu sempre acreditamos que a periferia faz parte da cidade em que eu vivia, do país. E da minha vida. Não ia lá nas comunidades para ajuda-las apenas. Se ignorasse a existência disso tudo, minha vida ficaria empobrecida”, conta. “Sou muito mais feliz por causa disso. Inclusive nem gosto da palavra periferia. Quem mora num morro no meu bairro, mora no meu bairro, é meu vizinho”.

Marcio Bianco, idealizador do evento, diz que a homenagem à Regina é importante por ter ela sabido “usar o veículo a favor da periferia e transformado o significado dessa palavra para o Brasil e para o mundo”, recorda ele, que aprendeu o significado da palavra “favela” assistindo justamente ao programa “Um pé de quê?”, apresentado por ela.